As alergias são respostas exageradas do nosso organismo ao ambiente que nos rodeia. Ou seja, uma pessoa com alergias tem um excesso de defesas e está a lutar contra algo que à partida devia tolerar. É o caso dos pólenes, cuja concentração na atmosfera é muito elevada nesta altura do ano e em relação aos quais alguns sistemas imunitários reagem de forma excessiva. Os pólenes são muito pequenos, invisíveis aos olhos, facilmente transportados pelo vento e que conseguem penetrar nas vias aéreas, provocando muitas queixas. As piores alturas para quem tem alergias verificam-se durante os dias quentes e secos, sobretudo se forem ventosos
Nariz a pingar, comichão, tosse seca, olhos vermelhos e lacrimejantes, espirros e até ataques de asma. Estes são apenas alguns dos sintomas mais frequentes das alergias que se manifestam em força com a chegada da primavera.
Nos grandes centros urbanos, a poluição das cidades torna os pólenes mais “agressivos”
o que exacerba os sintomas de quem já têm um sistema imunitário sensível.
Várias manifestações, muitos sintomas
A reação aos pólenes – que são os principais responsáveis pelas alergias da primavera – pode manifestar-se de diversas formas, pelo que importa prestar atenção aos sintomas:
Rinite alérgica – Fala-se de rinite sobretudo quando há inflamação da mucosa nasal, o que se manifesta por nariz entupido ou a pingar, comichão nasal e espirros. Quando esta inflamação é recorrente ou sazonal, o mais provável é que seja uma rinite alérgica. A rinite é muito comum, afetando uma em cada três pessoas em Portugal, entre crianças, adultos e idosos.
Conjuntivite alérgica – Muito comuns nesta altura do ano são também os sintomas oculares como comichão, vermelhidão, lacrimejar ou sensação de corpo estranho nos olhos. Mais de metade das pessoas com rinite também tem conjuntivite alérgica.
Asma – Quem tem asma poderá estar mais sensível na altura da primavera, sendo que esta doença se manifesta por tosse, pieira, falta de ar, cansaço ou sensação de peso no peito. A asma pode aparecer pela primeira vez em qualquer idade e afeta cerca de 10% da população portuguesa.
Queixas dermatológicas – A dermatite atópica, que também atinge cerca de 10% da nossa população, pode agravar nesta altura do ano por exposição aos alergénios e manifesta-se por comichão, pele vermelha, descamativa e seca. Existe também a possibilidade de urticária, que se revela através de “babas vermelhas que dão bastante comichão e episódios de inchaço.
Hereditariedade e estilo de vida
Ainda que as alergias possam afetar pessoas de todas as idades, há quem apresente maior probabilidade de as vir a desenvolver. Com efeito, a hereditariedade tem algum peso nesta questão e se uma criança tiver os dois pais com doença alérgica apresenta uma probabilidade de desenvolver doença alérgica de mais de 50%.
Mas se na questão genética não é possível interferir, já no estilo de vida não é bem assim. Passa-se hoje mais tempo em ambientes fechados, somos mais sedentários e estamos expostos a ambientes mais poluídos e ao tabaco, além de que a alimentação mudou com a introdução da fast food. Junte-se a isto um uso inadequado de antibióticos e um abuso de anti-inflamatórios e temos a chave para o número de pessoas alérgicas que não para de aumentar em todo o mundo.
Como evitar as alergias?
Evitar aquilo que desencadeia e agrava as alergias, é uma das melhores formas de prevenir este problema de saúde, mas também reduzir a exposição a poluentes, ao tabaco e diminuir as infeções, porque são fatores que podem agravar a doença alérgica.
Entre os muitos pólenes que andam no ar na primavera, os que causam mais alergias são os de ervas como as gramíneas (feno) e a parietária (alfavaca-de-cobra), e de árvores nas quais se destaca o pólen da flor da oliveira. Recomenda-se que consulte o Boletim Polínico disponível no site da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, em que são indicadas as concentrações polínicas de cada zona do país, o que permite planear viagens e adequar estratégias de prevenção, por exemplo.
O que também ajuda a prevenir as alergias com grande eficácia é o seu correto tratamento. As alergias não têm cura, mas podem e devem ser controladas. O diagnóstico o mais cedo possível também permite um maior controlo.
Entre os tratamentos disponíveis, os anti-histamínicos de segunda geração, são medicamentos muito seguros e eficazes, que não causam sono, problemas cardíacos ou aumento de peso. Pode haver também necessidade de associar anti-inflamatórios e nesse caso procura-se sempre que sejam tratamentos locais, isto é, sprays nasais ou medicação inalada.