Quando pensamos em animais “mortais”, é comum pensarmos no leão, na serpente, no tubarão, no hipopótamo, no escorpião… Porém, o animal responsável pelo maior número de mortes de pessoas no mundo é um ser bem pequeno e que muitas vezes não tememos: o MOSQUITO. O mosquito é 180 vezes mais letal que cobras, hipopótamos e tubarões. Enquanto as serpentes causam aproximadamente 125 mil mortes por ano, o mosquito mata cerca de 725 mil pessoas por ano no mundo. Isto porque são responsáveis por transmitir várias doenças.
Com o verão a chegar, está também a chegar a época de férias, onde muitas pessoas viajam para destinos tropicais, onde existe uma prevalência grande de mosquitos transmissores de várias doenças. Mas o risco deixou de estar confinado aos países tropicais. Na Europa está a registar-se uma tendência de aquecimento, onde as ondas de calor e as inundações se tornam cada vez mais frequentes e severas e os verões estão a tornar-se cada vez mais longos e mais quentes. Segundo, Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, isto cria condições mais favoráveis para espécies invasoras de mosquitos. Nos últimos anos, temos assistido a uma propagação geográfica de espécies invasoras de mosquitos para áreas anteriormente não afetadas na União Europeia. Se isto continuar, podemos esperar ver casos e possivelmente mortes por doenças como dengue, chikungunya e vírus Zika e, em certas circunstâncias, vírus do Nilo Ocidental. Os esforços devem concentrar-se em formas de controlar as populações de mosquitos, melhorando a vigilância e aplicando medidas de proteção individual.
Para percebermos melhor o risco que corremos quando viajamos para um destino tropical e do que podemos enfrentar até aqui mesmo na Europa passamos a detalhar algumas dessas doenças.
DENGUE
A dengue é uma doença infeciosa transmitida por mosquitos e causada por um vírus. O vírus está ativo em mais de 110 países e é transmitido principalmente pelo mosquito Aedus.
O vírus é comum em áreas urbanizadas de países tropicais. Os mosquitos fêmeas espalham o vírus de manhã cedo e à noite. A dengue não pode ser transmitida de pessoa para pessoa.
Sintomas
O início da doença ocorre entre 3 e 14 dias após a picada. Os sintomas habituais semelhantes aos da gripe incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e, após alguns dias, pode ocorrer erupção na pele. A dengue geralmente é indistinguível da gripe. Em casos raros, a doença torna-se mais grave com hemorragia nasal ou gengival, fadiga, fortes dores abdominais, vómitos constantes e dificuldades respiratórias.
Proteção e Tratamento
Não existe tratamento antiviral específico, cuidados de suporte e repouso geralmente são suficientes após a infeção pelo vírus para uma boa recuperação.
Para a forma grave da doença, os pacientes geralmente são internados em unidades de terapia intensiva. Se suspeitar que está com dengue, procure atendimento médico imediato e informe que viajou para uma zona de dengue. Dado que uma boa proteção é o único método eficaz, é essencial utilizar os produtos anti mosquitos adequados para prevenir picadas de mosquitos em áreas de risco.
Áreas de Risco
MALÁRIA
A malária é uma doença grave, por vezes fatal, causada por parasitas da malária. Os parasitas da malária são transmitidos aos humanos por mosquitos. Os parasitas entram no corpo através de uma picada de mosquito e multiplicam-se primeiro no fígado e depois nos glóbulos vermelhos. A malária ocorre nos (sub)trópicos e ainda mata mais de 400.000 pessoas todos os anos. A malária não pode ser transmitida de pessoa para pessoa.
Sintomas
Os primeiros sintomas da malária são dor de cabeça, dores musculares, fadiga e febre. A febre nem sempre é muito alta e nem sempre ocorrem calafrios. Em alguns casos, um ataque de malária assemelha-se a uma gripe. Além disso, vómitos, diarreia e tosse com falta de ar podem ser sintomas de malária.
Proteção de Tratamento
Um diagnóstico precoce pode salvar vidas. Uma vez diagnosticada a malária, o tratamento antimalárico pode ser iniciado. Se suspeitar que tem malária, procure atendimento médico imediato e mencione que esteve nos (sub)trópicos. Não existe vacina contra a malária. Pode proteger-se contra a malária usando repelentes anti-mosquitos, tomando antimaláricos ou levando consigo tratamento preventivo de emergência quando viajar.
Áreas de risco
VÍRUS ZIKA
A febre Zika é prevalente em África e no Sudeste Asiático há algum tempo, mas devido à propagação do vírus para o Caribe, América Central e do Sul em 2015, causou grandes surtos. A febre Zika é uma doença infeciosa causada por um vírus e tem semelhanças com Chikungunya, Dengue (dengue) e o vírus do Nilo Ocidental. O vírus é transmitido pela picada de um mosquito infetado. Os mosquitos que transmitem o vírus Zika estão ativos principalmente durante o dia. O Zika também pode ser transmitido por contato sexual, mas a chance de isso acontecer é pequena. No entanto, a infeção pelo vírus Zika é perigosa para mulheres grávidas. Atualmente, não existe medicamento ou vacina específica para o vírus Zika.
Sintomas
A maioria das pessoas não apresenta sintomas quando infetada pelo vírus Zika. 1 em cada 5 pessoas apresenta sintomas leves, como febre, erupção cutânea, conjuntivite (inflamação da membrana mucosa do olho) e queixas articulares temporárias (especialmente nas mãos e nos pés). Esses sintomas duram vários dias a uma semana. O vírus Zika contraído durante a gravidez pode aumentar o risco de anomalias nos bebés.
Proteção e Tratamento
Os sintomas semelhantes aos da gripe podem ser tão leves que passam despercebidos, fazendo com que a maioria das pessoas evite consultar um médico. No entanto, as mulheres grávidas que apresentarem sintomas devem consultar imediatamente um médico para fazer um exame, que pode confirmar a infeção. Além de usar paracetamol para aliviar a febre e a dor, é recomendável descansar o suficiente e beber regularmente para evitar a desidratação. A melhor proteção contra o Zika é prevenir picadas de mosquito, para o que recomendamos um produto com 50% de DEET. Também é aconselhável dormir sob uma rede mosquiteira.
Áreas de Risco
FEBRE AMARELA
A febre amarela é uma doença infeciosa causada por um vírus e ocorre em certas partes da África e da América do Sul. A febre amarela refere-se ao amarelecimento da pele e dos olhos (icterícia).
O vírus é transmitido pela picada de um mosquito infetado. Os mosquitos que transmitem a febre amarela atuam principalmente durante o dia, principalmente ao amanhecer e ao anoitecer. A febre amarela não pode ser transmitida de pessoa para pessoa.
Sintomas
O período de incubação (tempo desde a infeção até os sintomas) é geralmente de 3 a 6 dias.
A maioria das pessoas recupera sem esforço em menos de 5 dias, e pode apresentar sintomas como icterícia e semelhantes aos da gripe, como febre súbita, calafrios, dor de cabeça, dores articulares e musculares, perda de apetite, dor abdominal, dor nas costas, náusea, vómito, fadiga e desidratação.
Em 15% dos casos, a febre e a dor abdominal retornam e começam os danos ao fígado, causando amarelecimento da pele. Isto aumenta o risco de choque, hemorragia interna e insuficiência renal. Metade desses pacientes morre do vírus dentro de 10 a 14 dias.
Proteção e tratamento
Pode vacinar-se contra a febre amarela. Esta vacinação é inclusive obrigatória para vários países.
Não há cura para a febre amarela. Pessoas infetadas devem ser hospitalizadas. Devido à rápida deterioração dos órgãos, isso geralmente significa um internamento nos cuidados intensivos.
Se você suspeitar que tem febre amarela, procure atendimento de médico imediato para aliviar os sintomas e mencione que viajou para uma zona de febre amarela.
Para sua proteção use um repelente à base de DEET, na sua dosagem máxima (50%), se vai para um destino onde pode ter contato como mosquito transmissor de febre amarela e vacine-se, antes de ir.
Áreas de risco
CHIKUNGUNYA
Chikungunya é uma doença infeciosa causada por um vírus. Os sintomas da Chikungunya são semelhantes aos da dengue (Dengue) e do vírus Zika. O vírus é transmitido pela picada de um mosquito infetado. Os mosquitos espalham o vírus principalmente durante o dia. A Chikungunya não pode ser transmitida de pessoa para pessoa, mas pode ser transmitida de mãe para filho durante a gravidez.
Sintomas
Após um período de incubação de 3 a 7 dias, a doença geralmente progride de forma inofensiva com febre, dor nas articulações, dor de cabeça, fadiga, erupção cutânea, problemas digestivos e, por vezes, conjuntivite (inflamação da membrana mucosa do olho). Esses sintomas geralmente desaparecem em 1 a 2 semanas, mas fortes dores ou rigidez nas articulações podem persistir por várias semanas, meses ou até anos. A dor pode levar à quase imobilidade das articulações. Distúrbios neurológicos foram relatados em alguns casos, incluindo síndrome de Guillian-Barré, paralisias, meningoencefalite, paralisia flácida e neuropatia.
Proteção e Tratamento
Como não existe vacina ou medicamento específico para Chikungunya, são recomendados cuidados de suporte e repouso para tratar febre e dor. Se você suspeitar que tem Chikungunya, procure atendimento médico imediato e informe que viajou para uma zona com vírus Chikungunya. A prevenção é sempre recomendada em países tropicais, usar sempre um repelente de insetos, poderá evitar este tipo de doenças.
Áreas de Risco
VÍRUS DO NILO OCIDENTAL
O vírus do Nilo Ocidental é transmitido pela picada de um mosquito infetado. Os mosquitos que transmitem o vírus costumam estar ativos entre o anoitecer e o amanhecer. O vírus ocorre em mais de cem mosquitos diferentes e transmite-o a pessoas, pássaros, mosquitos, cavalos e outros mamíferos. O vírus não pode ser transmitido de pessoa para pessoa.
Sintomas
O período de incubação da doença varia entre 2 e 15 dias após a picada. A maioria (4 em 5) das pessoas com infeção pelo vírus do Nilo Ocidental não manifesta sintomas. Cerca de 1 em 5 desenvolve febre, juntamente com outros sintomas, tais como dor de cabeça, dores no corpo, dor articular, vómito, diarreia ou erupção cutânea. Cerca de 1 em cada 150 pessoas pode desenvolver doenças neurológicas severas, tais como encefalite, meningite ou poliomielite. A maioria das pessoas com sintomas típicos recupera-se completamente, mas a fadiga e a fraqueza podem perdurar por semanas ou meses. As pessoas cujo sistema nervoso central foi afetado muitas vezes têm efeitos adversos duradouros no cérebro e nos nervos.
Proteção e Tratamento
A febre do Nilo Ocidental tem cura, mas não existe vacina ou tratamento antiviral disponível. Geralmente, o tratamento visa reduzir a febre e outros sintomas. O uso de analgésicos, sob prescrição médica, pode ajudar no alívio das dores de cabeça e musculares. Nos casos mais graves, pode ser necessário internamento hospitalar, com administração de fluidos intravenosos, prevenção de infeções secundárias e auxílio respiratório. Se suspeitar que você ou um membro da sua família tem o vírus do Nilo Ocidental, entre em contato com seu médico. Tome medidas preventivas para evitar ser picado por um mosquito transmissor desta doença, como uma aplicação regular de repelente de insetos.
Áreas de Risco
Saiba que se pode proteger de qualquer uma destas doenças com medidas de proteção individual incluem o uso de mosquiteiros ou dormir ou descansar em quartos protegidos ou com ar condicionado, usar roupas que cubram a maior parte do corpo e usar e o mais importante de todos usar um repelente contra mosquitos. Tenha em conta que a prevenção é a sua melhor arma.
Carla Fontes
Perrigo