A dermatite atópica é uma doença inflamatória crónica da pele, com início habitual durante a infância.
A sua incidência tem vindo a aumentar ao longo dos últimos 40 anos, e atualmente estima-se que afete entre 10% e 20% da população pediátrica.
Trata-se, de facto, de uma doença muito comum, mais frequente em áreas urbanas.
Esta dermatite tem início precoce, aparecendo geralmente no primeiro ano de vida. O prognóstico é favorável na maioria dos casos, sendo que aproximadamente 60% das crianças apresentam diminuição ou desaparecimento completo das lesões antes da puberdade.
Em Portugal, estima-se que cerca de 10% das crianças são atingidas pela doença.
De um modo geral, a dermatite atópica afeta pessoas com história pessoal ou familiar de asma, rinite alérgica ou dermatite atópica.
Quais as causas da Dermatite Atópica?
A causa exata da dermatite atópica é desconhecida.
Na sua origem parecem estar mecanismos imunológicos de hipersensibilidade imediata, comuns a outras doenças como a asma brônquica e a rinite, e mecanismos de hipersensibilidade retardada.
O componente hereditário é importante. Numa criança em que um dos pais apresente uma condição atópica (asma, rinite, alérgica ou dermatite atópica) tem aproximadamente 25% de probabilidades de também apresentar alguma forma de doença atópica. Essa probabilidade passa para 50% se ambos os pais apresentarem doença atópica.
Como se manifesta a Dermatite Atópica?
A dermatite atópica caracteriza-se por prurido cutâneo, que tende a ser recorrente, e distribuição característica das lesões que variam com a idade. As lesões típicas de fase aguda consistem em erupções avermelhadas, formando pápulas ou vesículas, com exsudação e formação de crosta que evoluem, na fase crónica, para lesões descamativas.
As lesões de eczema localizam-se preferencialmente nas mãos e pés, na superfície flexora dos membros e na região cervical. A pele nestes locais torna-se mais grossa, áspera e escurecida. Embora se tenda a localizar nestas áreas, a dermatite atópica pode generalizar-se, atingindo grandes áreas corporais.
Geralmente, a doença tem curso crónico, com períodos de melhoria e de agravamento.
É comum, após o desaparecimento da dermatite atópica, ocorrer a substituição desta por uma das outras formas de apresentação da atopia (asma ou rinite).
Outra característica da pele nestes casos é a sua maior tendência para secar, o que pode também dar origem à sensação de prurido e à descamação.
O stress emocional pode desencadear períodos de agravamento.
Pele atópica: um ciclo vicioso
Por a pele estar seca e irritada, causa comichão. Ao coçar, a função barreira da pele é perturbada, deixando as camadas mais profundas expostas e vulneráveis às infeções. As bactérias provocam irritação dando continuidade à comichão. Este processo é conhecido por ciclo da pele atópica e deverá ser travado o mais precocemente possível.
Quem sofre desta doença tem muitas vezes problemas adicionais como a falta de sono, stress e falta de autoconfiança.
Não existe cura nem forma de prevenir a dermatite atópica, mas certas medidas médicas podem ser benéficas
- Adotar medidas que protejam a pele, que reduzam a secura e que a mantenham mais saudável.
- O banho deve ser diário, rápido e com água morna. A secagem deve ser feita sem esfregar a pele e deve ser imediatamente aplicado um creme para favorecer a hidratação da pele e manter a sua função de barreira.
- Convém reforçar que uma pele seca causa mais prurido, agravando o ciclo da dermatite atópica.
- As unhas devem estar sempre bem cortadas e limpas para evitar as infeções microbianas secundárias ao ato de coçar.
- O suor tende a agravar a dermatite atópica e, por esse motivo, é recomendável tomar banho após a prática de desporto.
- As roupas que contactam diretamente com a pele, incluindo os lençóis, devem ser de fibras naturais, como o algodão. É recomendável que as roupas lavadas sejam bem enxaguadas de modo a remover restos de detergente, que frequentemente agravam a doença.
- O calçado deve ser de couro e as meias de algodão, de modo a permitir um bom arejamento.
- O excesso de calor e as mudanças bruscas de temperatura podem ser fatores de agravamento na dermatite atópica e devem ser evitadas. Assim, os quartos devem ser bem arejados e os aquecedores evitados. Deve-se evitar o uso excessivo de cobertores na cama para evitar a transpiração.
- Os ácaros (pó) são também fatores de agravamento da dermatite atópica, pelo que se devem remover tapetes, alcatifas, cortinas, peluches e tudo aquilo que pode levar à retenção de ácaros nos quartos.