Dormir é uma necessidade homeostática do nosso organismo, quer isto dizer que nos permite manter o equilíbrio do nosso sistema biológico, tal como comer ou beber.
Cada um de nós tem uma necessidade específica de sono, quer em termos de quantidade, quer em termos da hora preferencial para o sono e o despertar aconteceram. Estes aspetos devem ser tornados conscientes e respeitados por cada um, individualmente.
Esquecemo-nos tantas vezes que dormimos porque temos cérebro, isto é, o sono é uma função do cérebro, tal como outras funções neurológicas: a linguagem, a memória, a mobilidade ou a sensibilidade de um dos membros.
No entanto, o sono é uma função cerebral muito particular. Particular porque é uma função que tem, como objetivo último, tornar o sistema que a produz muito mais eficiente. Podemos dizer que o sono existe para que todas as outras funções cerebrais e de todos os outros órgãos aconteçam de forma mais eficaz e eficiente.
Quanto precisamos de dormir?
Haverá pessoas que se sentem perfeitamente bem dormindo 6 horas por noite, mas outras precisarão de dormir 10 horas, sem que isso seja sinal de preguiça ou de doença, mas uma consequência da nossa variabilidade genética.
E porque não dormimos tão bem quanto gostaríamos?
Muitas vezes não dormimos bem porque tentamos enganar o nosso próprio sistema biológico, tantas vezes sem que tenhamos perceção de que o estamos a fazer:
- Expomo-nos a intensas emissões de luz em monitores fantásticos, quando já escureceu lá fora.
- Consumimos durante todo o dia bebidas e alimentos estimulantes que nos tiram o sono.
- Adiamos as refeições para mais tarde (por vezes jantamos à hora em que devíamos estar a adormecer), desconhecendo que a hora das refeições também ajuda à sincronização do nosso ritmo sono-vigília.
- Temos ainda inúmeras atividades ativadoras no final do dia, físicas e intelectuais, quando deveríamos nessa altura estar progressivamente a preparar o nosso sistema para naturalmente se desligar
- À noite, ficamos a ver televisão, uma série ou um filme achando que
temos o direito de descontrair um pouco no final de um dia de trabalho.
- Quando nos deitamos, quantas vezes usamos esses primeiros minutos para pensar no que temos para fazer no dia seguinte? Em silêncio e sem outros estímulos exteriores, esta é uma excelente forma de pormos o nosso cérebro a funcionar, de o auto-ativarmos, de o colocarmos a fazer o que ele melhor sabe fazer: pensar.
- E ao fim-de-semana, quantas vezes os nossos horários de deitar e levantar são completamente diferentes daqueles que temos durante a semana? É como se mudássemos todos os fins de semana de fuso horário.
Quais são consequências da privação de sono?
Ao não respeitarmos o nosso relógio interno ou dormirmos menos do que precisamos, não estaremos a respeitar premissas essenciais da nossa biologia, premissas essas que não podem, nem devem, ser modificadas. Significa que estamos a tornar-nos menos eficientes, ao contrário do que muitas vezes pensamos.
Tentar ter um ritmo que não é o nosso terá repercussões pesadas, como:
- Sonolência diurna excessiva;
- Alterações das nossas capacidades cognitivas, nomeadamente da atenção, do tempo de reação, da memória, da capacidade de tomar decisões, do humor;
- Um maior risco de acidentes.