A transpiração é uma função corporal normal que ajuda a regular a temperatura do corpo. Quando o fenómeno se descontrola, pode tornar-se incómodo. Chamamos a isto hiperidrose ou transpiração em quantidade superior à fisiologicamente necessária para a termorregulação. É uma condição visível, sem gravidade, mas pode ter consequências sociais e emocionais. A transpiração excessiva pode incomodar em atividades que necessitam de precisão e causar desconforto, problemas estéticos, receio de cumprimentar apertando as mãos, deterioração do vestuário e constrangimento relacionado com possível odor corporal ou com manchas de suor na roupa.
Existem dois tipos de hiperidrose. Quando as causas da transpiração excessiva não são identificadas, designamos de hiperidrose primária. É o que acontece em 90% dos casos. É geralmente genético e pode começar na infância ou na adolescência. Embora as suas causas não estejam identificadas, a hiperidrose primária pode agravar sob a influência de vários fatores, como emoção, stress ou esforços físicos.
Usamos o termo hiperidrose secundária quando se trata de uma condição induzida por uma doença como uma infeção, cancro, hipertiroidismo, menopausa, diabetes mellitus entre outras ou na toma de certos tratamentos medicamentosos como alguns tipos de antibiótico, antidepressores, antidiabéticos, anti-inflamatórios não esteróides, imunoterapia, entre outros.
A hiperidrose pode ocorrer localmente em certas áreas do corpo, por exemplo axilas, mãos ou pés, ou afetar todo o corpo. Nos locais com hiperidrose, frequentemente coexistem transtornos cutâneos, como: dermatites, eczema atópico, intertrigo ou outros. A humidade constante pode levar à maceração da pele, aumentando o risco de desenvolvimento de infeções por bactérias e fungos.
Não existem critérios precisos para definir a hiperidrose porque o excesso de suor não está associado a uma quantidade específica de suor. Transpirar é considerado excessivo quando coloca um problema no dia-a-dia.
A transpiração excessiva pode ser particularmente incómoda quando visível. Por exemplo, a transpiração excessiva das mãos pode constituir um problema no trabalho diário, ao manusear objetos, ferramentas ou documentos, realizar determinadas atividades ou simplesmente apertar as mãos. Já a transpiração excessiva dos pés pode causar maus cheiros e desconforto.
Além de ter de lidar com quantidades excessivas de suor, os maus cheiros também podem constituir um problema para as pessoas que sofrem de hiperidrose e para as pessoas que os rodeiam. O mau odor é causado pelas bactérias encontradas naturalmente na nossa superfície da pele. Quando em contacto com o suor, degradam certos componentes e produzem moléculas que emitem odor.
A hiperidrose pode, portanto, ter um sério impacto na vida pessoal e/ou profissional de quem sofre desta, causando angústia e até mesmo uma mudança de carreira, isolamento social, ansiedade e depressão.
Para controlar o excesso de transpiração, para além de respeitar certas regras de higiene, existem outras soluções que podem ajudar a viver com hiperidrose. A primeira alternativa é a utilização de geles de banho específicos, antitranspirantes e desodorizantes.
Diferença entre estes últimos é sobretudo a % de sais de alumínio na sua composição e como tal diferir no mecanismo de ação. Os desodorizantes possuem menos % de sais de alumínio, são de uso diário ajudando no controlo dos maus odores. Também existem os desodorizantes sem sais de alumínio por isso é importante verificar sempre o rótulo. Os antitranspirantes contêm sais de alumínio em maior % e controlam eficazmente a quantidade de suor produzido. Alguns dos quais são usados apenas 2 ou 3 vezes por semana podendo ser alternados com desodorizantes de uso diário.
Os sais de alumínio reagem com o suor e formam uma pequena película nos orifícios das glândulas sudoríparas na superfície da pele. Quanto mais são utilizados, mais este mecanismo fará com que as glândulas sudoríparas descansem, reduzindo assim o fenómeno de hiperidrose.
Os desodorizantes que contêm sais de alumínio podem também conter agentes absorventes de humidade e probióticos que podem ajudar a neutralizar as bactérias responsáveis pela degradação do suor e do mau odor.
Quando a utilização de antitranspirantes não funciona ou não é adequada dada a gravidade da hiperidrose, podem ser propostas outras soluções como injeções de toxina botulínica, a Iontoforese, alguns tipos de medicamentos “anticolinérgicos” podem ser prescritos oralmente ou a cirurgia. Deve no entanto, pedir conselho ao seu farmacêutico e consultar o seu médico caso a situação persista e cause transtorno.
Vânia Rodrigues, Farmacêutica
Medical manager SVR e Lazartigue