A Endometriose é uma doença ginecológica caracterizada pela presença de aglomerados de tecido endometrial (camada de mucosa que reveste o útero internamente) fora da sua localização normal (útero). Este tecido desenvolve-se muitas vezes em órgãos como as trompas de Falópio, os ovários e a vagina. Existem ainda casos mais raros, em que o mesmo se desenvolve no intestino, ureteres, bexiga ou até no cérebro. Esta doença afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva e, em 60% das mulheres com infertilidade, a mesma é causada pela endometriose.
O crescimento do tecido endometrial é controlado pelo ciclo menstrual, através de hormonas como a progesterona e o estrogénio. Deste modo, quando este tecido está localizado noutros órgãos, vai menstruar normalmente e gerar uma reação inflamatória local, podendo provocar hemorragias internas e, além disso, causar dor associada à menstruação (dismenorreia), à relação sexual (dispareunia) e dor pélvica crónica.
Em 80% dos casos, a dor é a principal manifestação desta doença. Esta é uma dor incapacitante, que depende da localização do tecido e, no início, cede à administração de anti-inflamatórios ou pílula. No entanto, podem estar presentes outras manifestações clínicas tais como cansaço fácil e fraqueza, hemorragias menstruais abundantes, perda de sangue entre os períodos menstruais, menstruação com sangue escuro, dificuldades na digestão, mal-estar, alterações do trânsito intestinal e alterações do humor.
O diagnóstico da endometriose pode ser realizado através de:
- Palpação do abdómen e no útero;
- Laparoscopia;
- Ecografia (método não invasivo);
- Tomografia Axial Computadorizada (TAC);
- Ressonância Magnética (método não invasivo);
- Análise ao sangue.
Atualmente, o diagnóstico desta doença é cada vez mais complicado, sendo muitas vezes designada de «doença oculta» ou «doença silenciosa». Associado a este diagnóstico tardio estão quatro motivos: normalização da dor, falta de consciencialização sobre a doença, sintomatologia semelhante a outras doenças e falta de acessibilidade. No entanto, parece existir uma relação entre a endometriose e o carcinoma de células claras do ovário, sendo bastante importante a realização precoce do diagnóstico e tratamento.
A terapêutica da endometriose vai variar de acordo com a idade da mulher e o grau de progressão da doença. De momento, ainda não é conhecida uma cura, mas existem várias opções que procuram aliviar a dor e os outros sintomas e ainda aumentar as possibilidades de gravidez: a remoção cirúrgica dos focos de tecido e, a utilização de analgésicos, anti-inflamatórios e a terapêutica hormonal, são as mais comuns. Caso a remoção cirúrgica não seja um procedimento viável, a cirurgia implicará a excisão dos órgãos pélvicos afetados.
Não é possível prevenir o desenvolvimento desta doença e o tratamento desta doença deve ser sempre individualizado, optando pelo mais adequado para cada mulher.