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CESSAÇÃO TABÁGICA

Cessação Tabágica

Segundo a OMS, o consumo de tabaco na Europa é responsável por um milhão e 200 mil mortes anuais, número que tende a ascender aos dois milhões. Em Portugal, o consumo de tabaco atinge cerca de 20 a 26% da população, valor que tem vindo a aumentar nos últimos anos apesar de todas as medidas “anti-tabágicas” que têm sido implementadas.

Este facto deve-se, sobretudo, ao aparecimento dos Produtos de Tabaco Aquecido (PTA), frequentemente referidos pela indústria como “heat-not-burn”. Estes dispositivos contêm tabaco que é aquecido a uma temperatura elevada (cerca de 350°C), criando fumo que o utilizador pode inalar e, tal como os cigarros convencionais, provocam dependência, devido à presença da nicotina. Aliás, contém cerca de 84% da nicotina encontrada num cigarro convencional. De acordo com a Fundação Europeia do Pulmão, foram encontrados nos produtos de tabaco aquecido mais de 20 químicos prejudiciais à saúde em quantidades superiores às encontradas nos cigarros convencionais (ou até mesmo nos cigarros eletrónicos), além de novas substâncias tóxicas. Pelo que se pode concluir que não existe evidência de que os produtos de tabaco aquecido representem menor risco para a saúde do que os cigarros convencionais. Não são uma opção para a cessação tabágica, prolongam a dependência da nicotina e não constituem uma alternativa de “risco reduzido” para a saúde.

Caso o fumador queira deixar definitivamente de fumar ou simplesmente reduzir o número de cigarros que fuma, o plano ideal passa por agendar uma consulta de cessação tabágica junto de uma unidade de saúde ou junto da sua farmácia habitual. Ali será estabelecido um plano de tratamento onde devem sempre ser tidas em conta as caraterísticas individuais de cada fumador, como por exemplo:

  • o seu objetivo principal (se cessar totalmente ou apenas reduzir o nº de cigarros que fuma)
  • o seu grau de dependência da nicotina e nº de cigarros que fuma por dia
  • o ritmo a que quer fazer todo este processo (se radicalmente ou de uma forma mais gradual).

Cada fumador tem motivações e objetivos diferentes que devem ser respeitados e por isso é importante selecionar uma terapêutica que os tenha em conta e seja totalmente customizada e adaptada.

Nesse sentido, o fumador tem ao seu dispor as terapêuticas de substituição nicotínica que repõem a dose diária de nicotina habitualmente consumida através do tabaco, sendo substituída por um medicamento. São assim fornecidas ao organismo doses controladas de nicotina sem mais químicos agregados, sendo a dosagem de nicotina gradualmente reduzida ao longo do tempo. Isto permite ao fumador diminuir ao máximo os sintomas de privação que advém do processo de abstinência e torná-lo muito mais fácil de gerir e concretizar.

Uma questão também importante é que o potencial de dependência de um fármaco está relacionado com a velocidade com que este chega ao cérebro. Como nenhum dos produtos de reposição de nicotina fornece nicotina ao cérebro em qualquer velocidade próxima à do tabagismo (8 a 10 segundos), os produtos de reposição são menos viciantes e é fácil fazer também um desmame progressivo dos mesmos.

Existem fórmulas de administração por via oral (comprimidos de chupar e  gomas para mascar), ou por via transdérmica (adesivos), em diferentes dosagens.

Deixar de fumar implica vários efeitos:

  • Fisicamente, o organismo reage à privação nicotínica
  • Mentalmente, os fumadores estão perante a iminência de abandonar velhos hábitos
  • Emocionalmente, sentimento de perda do seu “melhor amigo”, um hábito tão intrínseco que o define.

E por isso é tão importante o acompanhamento por parte dum profissional de saúde, que aumenta em 10 vezes a probabilidade de o fumador conseguir deixar de fumar com sucesso.

Vanessa Melo – Medical Sales and Training Perrigo